Os alívios duma Europa, da Sicilia até Kiruna
Depois duma semana de aflições na Europa os mercados deram alguns sinais de sossego aos mentores politicos do velho continente […]
Depois duma semana de aflições na Europa os mercados deram alguns sinais de sossego aos mentores politicos do velho continente aliviando o nó dos sucessivos ataques porque vem passando o euro, quer através dos países mal comportados como dos que estão em via de o passar a ser.
Não se sabe se o alívio, por enquanto conjuntural, é o inicio do caminho em direcção ao lógico e necessário reforço da União se é mais um sobressalto na dolorosa via da destruição do euro e do sonho europeu. Despoletada após a crise dos subprime , uma catrastrofe provocada pelos banqueiros que a delinearam, lideraram e executaram para depois ser paga pelos estados soberanos ocidentais sem que os responsaveis por este holocausto financeiro e fiscal fossem individualizados , responsabilizados ou penalizados, a crise mantem-se.
Exceptuando um americano identificado promotor do desvario , ninguém foi julgado, nem especuladores, gananciosos, autoridades fiscalizadoras, politicos e nem a Europa deu sinal de aprender alguma coisa com a lição, saldando apenas o seu futuro de indecisão em indecisão em vez de criar raizes a favor dos interesses e da representatividade comum.
Indecisões que se vem prolongando desde a longinqua nomeação de Romano Prodi para presidir aos destinos da Europa. Pode-se-lhe atribuir um tratado, o de Lisboa,que infelizmente não passou das assinaturas e das fotografias oficiais . Após dois mandatos do italiano, seguiu-se a nomeação do português Barroso, o que colocou definitivamente em banho maria a evolução da politica comum . Por algo que nos custe aceitar, era impossivel entender que viesse a caber a um português, apenas por falar bem o inglês e o francês, a liderança duma intregração plena. Por várias razões, entre elas o facto de ser um ilustre desconhecido quando tomou posse do lugar, outra porque seria de todo improvavel caber a um país da nossa dimensão e pequenez económica , os entendimentos necessários que levassem á abertura sustentada dos caminhos a uma comparticipação maior numa Europa comum e exponencialmente integrada. Essa ilusão, se é que o foi para alguém, chegou aos dias de hoje com a perda total de poder por parte do Presidente, uma figura folclórica no contexto actual , posta de lado de forma pouco educada e ditatorial pelo eixo franco-germanico , mas pelos vistos bem aceite pelo próprio.
Por isso mesmo os orgãos politicos da União são hoje algo de aberrante, algo sem sentido e sem utilidade , não servem para nada, senão para alimentar uma vaga e desajustada burocracia, para criar vazios inultrapassaveis e levar a Europa ao cego fosso onde chafurda anarquia e desentendimento perante uma sociedade a degradar-se constantemente para o cidadão.
Com os orgãos de poder reduzidos a representação teatral, o próprio Parlamento Europeu eleito por voto directo, não tem capacidade de decisão e para além de alimentar lugares de algumas centenas de politicos de todos os países e uma legião de funcionários escolhidos a dedo ,não serve para mais nada. Pelos vistos, adaptam-se , orgãos e parlamento, ás comodidades de si próprios aos vazios das funções, á inutilidade dos seus meios ,sustentando uma pseudo europa sem democracia nem lideres. A eleição pela eleição é suficiente para manter estes disparatados organismos na situação de naufragos?
Desde que se tornou evidente a ditadura da maior economia europeia, acompanhada dos medos freudianos da libertária França , a democracia acabou, mas o próprio poder economico europeu está emagrecendo rapidamente colaborando dia a dia na transferência de produções, saber, tecnologias, a riqueza, para solo e mãos asiáticas.
Na última semana sossegaram–se os mercados com a flauta anti spread de Mario Monti sob a ameça do veto. Coneguiu, mas curiosamente , na mesma semana em que este super Mário ameaçou, com o veto a reprovação do seu plano ( do qual Portugal Irlanda e Grécia estão excluidos), um deputado da região Siciliana do seu país reinvidica, ao que parece com a legalidade das leis duma assembleia regional, uma pensão publica anual de meio milhão de euros ano, ou seja, 41.600 euros ao mês, ou seja, 1.369 euros ao dia. É quanto pede o senhor Felice Crosta, o deputado , mercê da excelente regionalização itálica.
Será legitimo pedir à Alemanha e aos nórdicos até Narvick e Kiruna que não devem nada a ninguèm, colaborarem nesta lavagem de politicos como na lavagem dos bancos ?? Qual é a Europa que se pretende fazer, do cidadão ou do oportunista ? Ainda que o plano do super Mário tenha efeitos positivos, e isso iremos ver a curto prazo, será que tem legitimidade moral para pedir dinheiro á Europa? Quando o caricato Berlusconi, corrido pela péssima gestão de sucessivos governos se oferece para ministro da economia ? Dá que pensar com uma certa vontade de rir e de chorar em paralelo.
Lendo os últimos dados oficiais do Eurostat relativos ao ano de 2011 e comparando os Estados Unidos da América, com os Estados Unidos da Europa por solidificar, eles tem um crescimento semelhante, 1,5 % Euro contra 1,7% Usa, tem um débito publico inferior, 82,5% do pib para a Europa, 114,32% do pib para Usa , exportações de 1.914 milhões dolares para Europa,1.473 para Usa, uma população de 502 milhões de individuos para a Europa contra 313 milhões para Usa. É natural que a economia norte americana tema estes números e que as declarações de Obama não sejam mais que circunstânciais.
Com estes dados é possivel uma Europa com um orçamento comunitário em 50% e outros 50% supervisionado por organismo comum? Se os politicos o quiserem parece ser possivel uma integração semelhante e constituiria uma solução mais que suficiente para calar os mercados e ganhar tempo para seguir caminho melhor.
Quanto ao escudo anti spread do Mario Monti transalpino,trata-se duma medida momentanea para adormecer mercados, porque os passos no sentido certo e irreversivel , nao passaram ainda das palavras .
Genova,30,Junho, 2012
Ferraz da Silva
Crónicas Locais #122
PS – Saúdo através do seu director o reaparecimento nas bancas da edição impressa do Jornal da Mealhada,uma referência da imprensa regional na região centro e no concelho que vem fazendo falta aos seus assinantes e leitores onde se contam muitos emigrantes espalhados pelo mundo.Desejo que o ciclo novo que agora começa seja de longa vida e muitos êxitos.
Autor: Jornal da Mealhada
