Quarta-feira, 04 de Julho de 2012

Os alívios duma Europa, da Sicilia até Kiruna

Os alívios duma Europa, da Sicilia até Kiruna

Região

Os alívios duma Europa, da Sicilia até Kiruna

Depois duma semana de aflições na Europa os mercados deram alguns sinais de sossego aos mentores politicos do velho continente […]

Depois duma semana de aflições na Europa os mercados deram alguns sinais de sossego aos mentores politicos do velho continente aliviando o nó dos sucessivos ataques porque vem passando o euro, quer através dos países mal comportados como dos que estão em via de o passar a ser.

Não se sabe se o alívio, por enquanto conjuntural, é o inicio do caminho em direcção ao lógico e necessário reforço da União se é mais um sobressalto na dolorosa via da destruição do euro e do sonho europeu. Despoletada após a crise dos subprime , uma catrastrofe provocada pelos banqueiros que a delinearam, lideraram e executaram para depois ser paga pelos estados soberanos ocidentais sem que os responsaveis por este holocausto financeiro e fiscal fossem individualizados , responsabilizados ou penalizados, a crise mantem-se.

Exceptuando um americano identificado promotor do desvario , ninguém foi julgado, nem especuladores, gananciosos, autoridades fiscalizadoras, politicos e nem a Europa deu sinal de aprender alguma coisa com a lição, saldando apenas o seu futuro de indecisão em indecisão em vez de criar raizes a favor dos interesses e da representatividade comum.

Indecisões que se vem prolongando desde a longinqua nomeação de Romano Prodi para presidir aos destinos da Europa. Pode-se-lhe atribuir um tratado, o de Lisboa,que infelizmente não passou das assinaturas e das fotografias oficiais . Após dois mandatos do italiano, seguiu-se a nomeação do português Barroso, o que colocou definitivamente em banho maria a evolução da politica comum . Por algo que nos custe aceitar, era impossivel entender que viesse a caber a um português, apenas por falar bem o inglês e o francês, a liderança duma intregração plena. Por várias razões, entre elas o facto de ser um ilustre desconhecido quando tomou posse do lugar, outra porque seria de todo improvavel caber a um país da nossa dimensão e pequenez económica , os entendimentos necessários que levassem á abertura sustentada dos caminhos a uma comparticipação maior numa Europa comum e exponencialmente integrada. Essa ilusão, se é que o foi para alguém, chegou aos dias de hoje com a perda total de poder por parte do Presidente, uma figura folclórica no contexto actual , posta de lado de forma pouco educada e ditatorial pelo eixo franco-germanico , mas pelos vistos bem aceite pelo próprio.

Por isso mesmo os orgãos politicos da União são hoje algo de aberrante, algo sem sentido e sem utilidade , não servem para nada, senão para alimentar uma vaga e desajustada burocracia, para criar vazios inultrapassaveis e levar a Europa ao cego fosso onde chafurda anarquia e desentendimento perante uma sociedade a degradar-se constantemente para o cidadão.

Com os orgãos de poder reduzidos a representação teatral, o próprio Parlamento Europeu eleito por voto directo, não tem capacidade de decisão e para além de alimentar lugares de algumas centenas de politicos de todos os países e uma legião de funcionários escolhidos a dedo ,não serve para mais nada. Pelos vistos, adaptam-se , orgãos e parlamento, ás comodidades de si próprios aos vazios das funções, á inutilidade dos seus meios ,sustentando uma pseudo europa sem democracia nem lideres. A eleição pela eleição é suficiente para manter estes disparatados organismos na situação de naufragos?

Desde que se tornou evidente a ditadura da maior economia europeia, acompanhada dos medos freudianos da libertária França , a democracia acabou, mas o próprio poder economico europeu está emagrecendo rapidamente colaborando dia a dia na transferência de produções, saber, tecnologias, a riqueza, para solo e mãos asiáticas.

Na última semana sossegaram–se os mercados com a flauta anti spread de Mario Monti sob a ameça do veto. Coneguiu, mas curiosamente , na mesma semana em que este super Mário ameaçou, com o veto a reprovação do seu plano ( do qual Portugal Irlanda e Grécia estão excluidos), um deputado da região Siciliana do seu país reinvidica, ao que parece com a legalidade das leis duma assembleia regional, uma pensão publica anual de meio milhão de euros ano, ou seja, 41.600 euros ao mês, ou seja, 1.369 euros ao dia. É quanto pede o senhor Felice Crosta, o deputado , mercê da excelente regionalização itálica.

Será legitimo pedir à Alemanha e aos nórdicos até Narvick e Kiruna que não devem nada a ninguèm, colaborarem nesta lavagem de politicos como na lavagem dos bancos ?? Qual é a Europa que se pretende fazer, do cidadão ou do oportunista ? Ainda que o plano do super Mário tenha efeitos positivos, e isso iremos ver a curto prazo, será que tem legitimidade moral para pedir dinheiro á Europa? Quando o caricato Berlusconi, corrido pela péssima gestão de sucessivos governos se oferece para ministro da economia ? Dá que pensar com uma certa vontade de rir e de chorar em paralelo.

Lendo os últimos dados oficiais do Eurostat relativos ao ano de 2011 e comparando os Estados Unidos da América, com os Estados Unidos da Europa por solidificar, eles tem um crescimento semelhante, 1,5 % Euro contra 1,7% Usa, tem um débito publico inferior, 82,5% do pib para a Europa, 114,32% do pib para Usa , exportações de 1.914 milhões dolares para Europa,1.473 para Usa, uma população de 502 milhões de individuos para a Europa contra 313 milhões para Usa. É natural que a economia norte americana tema estes números e que as declarações de Obama não sejam mais que circunstânciais.

Com estes dados é possivel uma Europa com um orçamento comunitário em 50% e outros 50% supervisionado por organismo comum? Se os politicos o quiserem parece ser possivel uma integração semelhante e constituiria uma solução mais que suficiente para calar os mercados e ganhar tempo para seguir caminho melhor.

Quanto ao escudo anti spread do Mario Monti transalpino,trata-se duma medida momentanea para adormecer mercados, porque os passos no sentido certo e irreversivel , nao passaram ainda das palavras .

Genova,30,Junho, 2012

Ferraz da Silva

Crónicas Locais #122

PS – Saúdo através do seu director o reaparecimento nas bancas da edição impressa do Jornal da Mealhada,uma referência da imprensa regional na região centro e no concelho que vem fazendo falta aos seus assinantes e leitores onde se contam muitos emigrantes espalhados pelo mundo.Desejo que o ciclo novo que agora começa seja de longa vida e muitos êxitos.

Autor: Jornal da Mealhada

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